Economia

Accionistas decidem “fechar as portas” do BAI Micro Finanças

armandomaquengo
Set 12, 2022

Os donos do banco BAI Micro Finanças, cuja licença caducou, pediram a dissolução voluntária e liquidação da instituição financeira, onde o BAI é o maior accionista com 99% das acções.

Mosquito foi apontado como comprador mas processo não andou.

O Banco Nacional de Angola (BNA) registou a decisão de dissolução voluntária dos accionistas do banco BAI Micro Finanças (BMF), de acordo com uma nota divulgada pelo site oficial do regulador.

Segundo o Banco Central, os accionistas do BMF, cuja licença caducou, pediram a dissolução voluntária e liquidação da instituição financeira. A decisão foi tomada na Assembleia Geral realizada a 9 de Agosto deste ano e agora tornada pública pelo BNA que registou a deliberação.

Entretanto, o BNA informa que, apesar de ter sido notificado sobre a posição dos accionistas, a autorização da instituição financeira bancária para o exercício da actividade para a qual foi criada, já se encontra caducada, pelo que “foi aditada à firma a menção em liquidação”, nos termos do número 3 do artigo 146.º da Lei n.º 01/04, de 13 de Fevereiro – Lei das Sociedades Comerciais.

Em Setembro do ano passado, o veterano empresário e banqueiro António Mosquito foi apontado como comprador das acções do Banco Angolano de Investimento (BAI) no BMF, mas o processo não andou.

Numa nota enviada ao Mercado, o BAI, accionista maioritário do BMF, esclarece que o cancelamento do negócio com o empresário, com o qual tinha sido celebrado um contrato promessa de compra e venda sujeito a condição resolutiva, deveu-se ao facto de o BNA não ter aprovado a transmissão da participação qualificada.

“Foi após a notificação desse indeferimento que o sinal pago foi devolvido pelo BAI, nos termos do previsto no contrato. O encerramento do processo negocial teve constante alinhamento entre as partes”, explicou o BAI, sublinhando que a decisão levou a um “reequacionamento, pelo accionista BAI, da estratégia para a sua participada” sobre o qual informará ao mercado de forma tempestiva e transparente.

Detida pelo maior banco do sistema financeiro angolano em activos o BAI, com quase a totalidade das participações, precisamente 98,41%, sendo o restante 1,59% pertencente a entidades não identificadas, segundo as informações disponíveis no site do banco.

O BMF iniciou a sua actividade no dia 20 de Agosto de 2004, com a designação de NOVO BANCO, tendo sido o primeiro banco especializado em microcrédito em Angola. Em 2009, passou a ter a designação de Banco BAI Micro Finanças por escritura notarial outorgada em 30 de Outubro de 2009.

Em 2018, procedeu a um aumento de capital, passando o Banco BAI a deter 98,41% do capital, a Chevron Sustainable Development Company (CSDC) com 0,59% e três acionistas minoritários com 0,33%.

Em 2020, sofreu nova reestruturação na sua estrutura accionista, tendo os accionistas minoritários alienado as suas acções ao accionista BAI.

Números do BFM

De acordo com o relatório e contas do último exercício económico (2021), o BMF atingiu um activo líquido de 22,3 mil milhões Kz, o que representa um crescimento de 8% face a 2020.

O banco concedeu cerca de 531,3 milhões Kz de créditos a clientes (-38% ) e captou com depósitos cerca de 11,2 mil milhões Kz (+1%). Os capitais próprios ficaram avaliados em 10,1 mil milhões Kz.

Em termo de actividade operacional, o banco liderado por Helder Palege Jasse de Aguiar (PCA) e Jorge Manuel da Silva e Almeida (CEO), obteve um produto bancário de 4,2 mil milhões Kz, que lhe proporcionou lucros na ordem dos 1,6 mil milhões Kz, um crescimento de 179% em relação a 2020.

Assim, em 2021 o BMF teve uma Rentabilidade dos capitais (ROE) de 16% e uma taxa de de rentabilidade sobre o Ativo (ROA) de 7%, bem como um Rácio de Solvabilidade Regulamentar de 108%.

Até ao final do ano passado, o banco registou 216 funcionários, 21 balcões distribuídos a nível do território nacional, cerca de 158.865 contas abertas e uma taxa de transformação de 9%.

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