Cultura

Angolana transgénero entre os refugiados que vão sambar no Carnaval do Rio de Janeiro

manuelsumbo
Abr 21, 2022

Um grupo de refugiados no Brasil vai participar pela primeira vez no Carnaval do Rio de Janeiro com uma escola de samba, entre eles uma angolana transgénero que deixou o país porque “queria fazer a diferença”.

 

“Estou ansiosa” para o desfile de sexta-feira, conta, entre risos, à agência Lusa, Mara Soki, que reside no Rio de Janeiro há oito anos por ter sido reconhecida como refugiada devido à sua orientação sexual e identidade de género.

“Fui convidada e está a correr tudo bem, graças a deus”, sublinha , acrescentando que saiu de Angola para trabalhar num salão de beleza no Rio de Janeiro porque queria melhorar a vida, “ser ouvida de uma forma um pouco diferente”.

A sua segurança também foi um factor determinante na mudança, já que, explica a mulher de 42 anos, em Angola há “discriminação”.

“Aqui também tem isso, mas muito menos”, garante.

No Rio de Janeiro, depois de a festa ter sido cancelada em 2021, o sambódromo da Sapucaí volta, esta sexta-feira, a ser o palco dos desfiles das principais escolas de samba do país, cujos membros, com as suas fantasias e carros alegóricos, se transformaram numa das imagens mais representativas do Brasil.

O evento, que tradicionalmente acontece entre os meses de fevereiro e março, foi adiado pelas autoridades locais para abril devido à pandemia.

Agora, numa parceria inédita entre o Alto-Comissariado da ONU para Refugiados (ACNUR) e a escola de samba Académicos do Salgueiro, nove vezes ‘campeã carioca’, 20 refugiados da Venezuela, Angola, Marrocos, Síria, e República Democrática do Congo desfilam no sambódromo da Sapucaí, explicou à Lusa o oficial de comunicação do ACNUR Brasil, Luiz Fernando Godinho.

Segundo o ACNUR, no Brasil existem mais de 62 mil refugiados de mais de 50 nacionalidades. Além disso, 150 mil pedidos estão a ser analisados pelo Comité Nacional para os Refugiados.

Lusa