Autoridades tradicionais solicitam meios para desenvolver a agricultura

As autoridades tradicionais do Cuando Cubango solicitaram ao Presidente da República meios para desenvolver a agricultura familiar, como tractores e charruas de tracção animal. 

O pedido foi apresentado quinta-feira, em Menongue, durante a visita do Chefe de Estado àquela província. João Lourenço, que regressou ontem, a Luanda, presidiu, quinta-feira, a reunião do Conselho de Governação Local e auscultou representantes da sociedade civil.

O rei Manuel Ndala (Mwene Vunongue VIII) encabeçou o grupo de autoridades tradicionais na audiência com o Presidente da República e disse ter apresentado as questões relacionadas com as escolas, centros de Saúde, Agricultura, além de estradas que continuam a preocupar as comunidades no meio rural.

Nos nove municípios do Cuando Cubango existem centenas de aldeias dispersas, a maioria habitada apenas por pequeno núcleo familiar de menos de 50 pessoas. “Pedimos ao Presidente da República para interceder junto dos gabinetes ministeriais e do Governo da província para se encontrar uma solução e permitir que estas pessoas tenham acesso às riquezas do país”, apontou.

Disse que este fenómeno de dispersão das aldeias se deve às grandes assimetrias existentes entre uma e outra localidade, sobretudo, à falta de estradas, que dificulta a mobilidade das pessoas, razão pela qual preferem se manter nas lavras e cuidarem do gado, havendo nestas áreas dezenas de crianças que atingem a fase adulta e envelhecem sem nunca terem frequentado uma escola.

Pediram também auxílio do Chefe de Estado para apoiar os camponeses da agricultura familiar com tractores e charruas de tracção animal, para facilitar a lavoura dos campos agrícolas. Segundo as autoridades tradicionais, sem estes equipamentos as pessoas fazem lavras muito pequenas que servem só para auto-sustento, num curto espaço de tempo.

Por seu turno, o pastor e presidente da Igreja Assembleia de Deus Pentecostal, Júlio Vipanda, porta-voz do grupo dos líderes religiosos, disse que a visita do Presidente da República ao Cuando Cubango “é uma bênção para os fiéis e para a população que, a partir desse momento, esperam ver resolvidos muitos problemas, até aqui entraves do desenvolvimento da região”.

Explicou que o Chefe de Estado auscultou atentamente as preocupações apresentadas, relacionadas com a cedência de micro-crédito, falta de estradas, pontes e pontecos para o melhoramento da circulação de pessoas e bens, apoio aos agricultores, homens de negócios, construção de escolas e hospitais, bem como outras infra-estruturas sociais.

“As igrejas têm uma grande capacidade de ser parceiro do Governo em vários domínios, com pretensão de ajudar a resolver alguns problemas que afligem as comunidades, principalmente, as que se encontram em condições de vulnerabilidade, extrema pobreza e as que vivem nas zonas mais recônditas da província”, concluiu.

O grupo de empresários, liderado pelo presidente da Câmara de Comércio e Indústria, Longui António Bongo, informou que o encontro com o Presidente da República serviu para apresentar o problema da falta de financiamento e o não pagamento da dívida pública local.

A dívida pública afecta mais de 150 empresas locais que esperam ver resolvida esta situação, que já dura há cerca de 16 anos, e que está na origem do índice de empobrecimento dos empresários da província do Cuando Cubango.

Fonte: JA