Saúde

Cabinda: Mortes por malária causam indignação na Província

manuelsumbo
Mar 01, 2022

18 crianças e dois adultos perderam a vida em consequência da malária na comuna de Tando Zinze, em curto espaço de tempo.

De acordo com a reportagem citada pelo jornal DW, o responsável da saúde de Cabinda, Rúben Buco, disse que, entre as vítimas mortais, 12 pessoas não receberam qualquer assistência hospitalar.

“Morreram fora da alçada da nossa assistência”, declarou.

A comuna de Tando Zinze, no município sede, fica a 40 quilómetros da cidade de Cabinda. O Governo anunciou o envio de uma comissão multidisciplinar constituída por médicos cubanos, peritos de saúde pública e da rede laboratorial para aferir a situação.

A malária é a principal causa de morte em Angola. No ano de 2020, 16 mil pessoas morreram por malária no País, de acordo com os últimos dados disponíveis da Organização Mundial de Saúde. Em todo o mundo, é o quinto país com o maior número de casos,  estimada em 8,2 milhões de infectados.

Mas os críticos acusam o Governo de se focar apenas no combate à Covid-19, esquecendo outras doenças. Os profissionais de saúde dizem que há poucos medicamentos para tratar a população, em especial nos serviços de pediatria.

Para o sociólogo Paulo Londa, as mortes por malária são o resultado da “negligência e falta de vontade política” do Governo.

“É inadmissível que no nosso país ainda existam pessoas a morrer de malária”, afirmou Londa em entrevista à DW.

João Conde, advogado e especialista em questões sociais, diz que as mortes revelam a incapacidade do Governo em reduzir a mortalidade infantil. Por isso, está expectante em relação ao inquérito da comissão multidisciplinar sobre o caso de Tando Zinze. É preciso que situações do género “não voltem a acontecer”, sublinha.

“Isto é muito triste. Traz um grande recuo à província de Cabinda e a Angola em geral. E vai em contramão dos onze compromissos da criança, que Angola assinou.”.

Os 11 compromissos, adoptados pelo Governo angolano há mais de uma década, estabelecem que as crianças são uma “prioridade absoluta” e traçam metas para reduzir a mortalidade infantil e garantir o acesso à saúde, comida, educação e proteção social.

Por sua vez, Rúben Buco, o responsável da saúde naquela província, rejeita a acusação de que as autoridades não estão preocupadas com o combate à malária.

Não estamos só preocupados com a Covid-19, preocupam-nos também outras endemias, como é o caso da tuberculose, HIV-SIDA e outras doenças crónicas”, diz ele.