Dia da África Austral
Celebra-se hoje em toda a região da SADC o Dia da Libertação da África Austral, data dedicada à Batalha do Cuito-Cuanavale, município da província do Cuando Cubango que foi decisiva para o fim do sistema do Apartheid na África do Sul.
Vale recordar que as Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA), extintas em 1992, auxiliadas pelo contingente militar cubano, impuseram uma pesada derrota ao Exército do regime do Apartheid da África do Sul, na sua vã tentativa de tomar pela força das armas a sede do município do Cuito Cuanavale.
Tratou-se de um feito que honra a todos os povos da região, com particular realce para aqueles que directamente estavam engajados na luta militar contra o regime minoritário que vigorou na África do Sul desde 1948 até 1994, quando o país de Nelson Mandela tinha erradicado a segregação racial a favor da democracia multipartidária.
Angola esteve na linha da frente da gesta que culminou com a derrota do então regime racista sul-africano e, embora algumas vozes procurem em vão uma espécie de revisionismo histórico ao pretenderem negar o impacto da Batalha do Cuito Cuanavale, é consenso regional que o desfecho do conflito ocorreu no Sudoeste de Angola.
As autoridades e o povo angolano, fazendo jus ao slogan visionário e pan-africanista de António Agostinho Neto segundo o qual “no Zimbabwe, na Namíbia e na África do Sul, está a continuação da nossa luta”, não regatearam esforços para ajudar a libertar a Namíbia e a África do Sul.
O tempo deu razão à visão de Neto de que de nada valeria alguns povos se terem livrado do colonialismo enquanto outros se mantivessem sob o jugo de regimes como o Apartheid que, nos anos 60, 70 e 80 do século passado, “infernizava” a vida dos Estados e povos da África Austral.
O primeiro Presidente de Angola não viveu o suficiente para ver efectivado o sonho de luta e liberdade que levaria à libertação de toda a região da SADC, mas as lutas e conquistas dos povos levaram ao ponto em que nos encontramos desde 2019, quando se deu início à celebração do Dia da Libertação da África Austral.
Importa, com toda a justiça, numa altura em que está em andamento um conjunto de iniciativas para homenagear o Centenário de António Agostinho Neto, o primeiro Presidente de Angola, homenagear a dimensão do político e estadista cuja visão pana-africanista de liberdade dos povos celebramos hoje.
Num dia como hoje, destacamos igualmente as figuras que deram o melhor de si, na direcção dos Estados e de movimentos nacionalistas que enfrentavam e lutavam contra o regime racista da África do Sul, tendo tornado possível a data que hoje enaltecemos.
Com a liderança e acção firme de homens como José Eduardo dos Santos, Presidente de Angola entre 1979 e 2017, Samora Machel, Presidente de Moçambique de 1975 a 1986, Oliver Tambo, presidente do ANC de 1967 a 1993, Robert Mugabe, Presidente do Zimbabwe entre 1980 a 2017, Kenneth Kaunda, Presidente da Zâmbia, entre 1964 a 1991, Fidel Castro, Presidente de Cuba entre 1959 a 2006, Sam Nujoma, Presidente da Namíbia de 1990 a 2005, foi possível vergar o Apartheid e legar aos povos da região esta importante data.
Fonte: JA