Economia angolana com a página virada
A Standard & Poor’s (S&P) considera que Angola já deixou a recessão em que estava mergulhada desde 2016, tendo registado em 2021 um ligeiro crescimento de 0,2%.
Segundo dados avançados pelo jornal Mercado, a analista da agência de notação financeira Standard & Poor’s (S&P) que segue Angola, considerou recentemente que a economia nacional iniciou um novo capítulo de crescimento em 2021, mas alertou para os elevados riscos no financiamento.
“Quando descemos o ‘rating’, em Março de 2020, o ambiente era muito diferente, Angola enfrentava múltiplos choques externos provenientes da queda do petróleo e da pandemia, isso teve severos impactos, e foi parcialmente graças à Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI) e acordos de reestruturação com a China que tiveram algum espaço para respirar”, disse Zahabia Gupta em uma entrevista à Lusa.
“Agora, o que vemos é que a maré mudou, o ambiente externo é muito mais favorável, os preços do petróleo estão melhores do que o que esperávamos, e isso fez a taxa de câmbio evoluir muito favoravelmente, os níveis da dívida desceram mais de 55 pontos percentuais do PIB desde o ano passado, colocaram em prática reformas muito difíceis desde 2017, como a liberalização cambial, o IVA, alargaram a base tributária, e apertaram muito na despesa, e agora estão a começar a ver os benefícios dessa reforma”, acrescentou ela.
Na sequência da melhoria do rating de Angola, de CCC+ para B-, Zahabia Gupta alertou, ainda assim, que a melhoria na economia é temperada com vários riscos relativamente ao endividamento e às finanças públicas.
“Ao mesmo tempo, há riscos significativos de crédito; os níveis de pagamento de dívida externa são bastante altos, e vão aumentar para mais de 6 mil milhões USD de 2023 em diante e isso é um risco, porque significa que precisarão de ter acesso ao mercado e financiamento adicional dos credores actuais para fazerem face a estas necessidades”, apontou.
A S&P considera que Angola já deixou a recessão em que estava mergulhada desde 2016, tendo registado em 2021 um ligeiro crescimento de 0,2%.
“Estando seis anos em recessão, basta o efeito base para começarem a crescer; estimamos que o PIB tenha crescido 0,2% em 2021, e a grande razão para isso é que, como a produção petrolífera caiu 12%, foi o sector não petrolífero que sustentou a economia e motivou um ligeiro crescimento”, afirmou, apontando que a economia não petrolífera, como a agricultura, diamantes, comércio e pescas, “será o principal motor da recuperação”.