Actualidade

Efeméride: 25 de Maio – “A África deve unir-se”

armandomaquengo
Mai 25, 2022

Este dia, anteriormente proclamado como Dia da Libertação Africana, celebra a luta pela independência do continente africano, contra a colonização europeia e contra o regime do Apartheid, assim como simboliza o desejo de um continente mais unido, organizado, desenvolvido e livre.

25 de Maio de 1963, há 59 anos, a África não estava unida. Para trás ficavam séculos de escravização alimentando as novas economias euro-americanas, um colonialismo que traçou fronteiras a partir do exterior sem ter em conta a realidade histórica de largas centenas de povos e territórios, um racismo opressor que atirava para a sub-humanidade uma parte importante da população mundial, tornada objecto dos interesses extra-continentais.

Agora era tempo das independências nacionais e da emergência de líderes nacionalistas no meio de uma complexa guerra-fria em que se digladiavam interesses estratégicos norte-americanos, russo-soviéticos, chineses, franceses, ingleses, em cujas armadilhas muitos dirigentes africanos caíram, hipotecando rapidamente os seus países, com o ascenso de uma “burguesia importadora-compradora” que colocou muitos países africanos na esfera do neocolonialismo.

25 de Maio de 1963 marca o Dia em que, por iniciativa do “velho leão” Hailé Selassié, o imperador da Etiópia, o grande país independente de África, o continente tentou unir-se.

Kwamah Nkrumah, dirigente nacionalista do Ghana, escrevia o seu livro “A África deve unir-se”, mas alertava:  “O neocolonialismo é a última etapa do imperialismo”.

No seu discurso, Selassié proclamava: “A África precisa de ter a sua ONU”. Pela primeira vez os dirigentes africanos sentavam-se à mesma mesa, fora da órbita europeia. A última grande conferência sobre África e o seu destino tinha sido realizada em Berlim e nela compareceram dirigentes estranhos ao processo histórico africano.

A Conferência de Berlim decorreu entre 15 de Novembro de 1884 e 26 de Fevereiro de 1885, há cerca de 150 anos, com a participação de 14 países, incluindo alguns Estados que não dispunham de colónias, como foi o caso dos países escandinavos e dos EUA.

Em 15 de Novembro de 1884 tem início a Conferência de Berlim, convocada pela França e Grã-Bretanha e organizada pelo Chanceler Bismarck da Alemanha. Bismark abre a conferência definindo como objectivo da mesma o estabelecimento do direito no acesso de todas as nações ao interior de África.

Entre os 14 participantes na Conferência havia dois grupos: um grupo de países com interesses directos nos problemas relativos à partilha de África, caso do Reino Unido, França, Alemanha, a  “Associação Internacional do Congo” e a Holanda, e outro grupo formado pelos restantes participantes que não tinham interesses relevantes no continente africano, caso do Império Austro-húngaro, Dinamarca, Itália, Espanha, Rússia, Suécia, Império Otomano e EUA.

Três pontos principais constituíram a agenda da Conferência: a liberdade de comércio em toda a bacia do Zaire e sua foz, a aplicação dos princípios do Congresso de Viena quanto à navegação nos rios internacionais (entre outros, do Níger), a definição de  “regras uniformes nas relações internacionais relativamente às ocupações que poderão realizar-se no futuro nas costas do continente africano” e estatuir sobre o tráfico de escravos.

Em 20 de Setembro de 1845, quarenta anos antes da conferência, o Reino Unido reconheceu os direitos portugueses sobre os territórios de Ambriz, Malembo e Cabinda.

Na data da Conferência de Berlim, só dois territórios africanos sub-saarianos eram independentes, mas não foram tidos nem achados.

JA