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Estreia hoje “Cangalanga, A Doida Dos Cahoios”, no Centro de Animação Artística do Cazenga

joaquimjose
Jul 16, 2022

O Enigma Teatro, vencedor do Prémio Nacional de Cultura e Artes 2014, na categoria de teatro, estreia hoje, às 17h00, a peça “Cangalanga, A Doida Dos Cahoios”, no âmbito da 17ª edição do Festival Internacional de Teatro (Festeca), que encerra amanhã, no Centro de Animação Artística do Cazenga, em Luanda.

O texto é uma adaptação do dramaturgo José Mena Abrantes, do romance de costumes “O Segredo da Morta” do escritor António Assis Júnior. A obra faz parte de um estudo de dissertação do encenador Tony Framprênio para a obtenção de grau de mestre em ensino das Literaturas da Língua Portuguesa no Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED).

Segundo o encenador Tony Framprênio, o tema da peça enquadra-se “na linha de pesquisa académica sobre cultura, educação e comunicação nos processos artísticos e procura trazer à luz do conhecimento a importância da relação entre a Literatura e o Teatro”. O encenador adiantou que a intenção “é mostrar como o teatro, além da peculiaridade lúdica, ganha melhores contornos estéticos e relevância social tendo como base inicial um texto dramático que se constituirá em texto espectacular por via da encenação, com referência à figura de José Mena Abrantes”.

De acordo com a sinopse “antes da sua morte, a senhora Ximinha Belchior vê, três abutres, domesticados por si, debicarem o seu corpo moribundo, seu maior tesouro, herança dos filhos fugidos para Portugal, a quem tanto, esperançosamente, aguardava pelo regresso. Entre os abutres, Cangalanga tornou-se a Doida dos Cahoios”, descreve Tony Frampênio.

De acordo com o encenador, o objectivo “foi elaborar, como proposta, para um teatro fundado no texto literário, um método tendo em conta o género dramático e a transição do texto dramático ao texto espectacular, contribuindo, deste modo, para o desenvolvimento estético-cultural”, destacou Tony Frampênio.

O projecto tem no elenco, entre outros, Estêvão da Costa, Nelson Cabanga, Jéssica Nobre, Rosa Alberto, Marinela dos Anjos, Ernesto Monteiro, Fernandes Rodrigues, Liliane Simão, Pinto Gomes, Justino Cariege, Telma Sebastião, Elisa Soares e participação especial Sérgio de Oliveira.

Fazem ainda parte do elenco para o espectáculo, Marciana Sequeira, Leonora Tiago, Ana Kalondji, Wengui Dias, Nadir Malungo, Inocência Malungo, Taíssa Tchombe, Inácio Gomes, Luciano Ulica e João Ferreira.

Sobre adaptação do livro para o teatro, na década de 80, o dramaturgo José Mena Abrantes argumentou o seguinte sobre o texto: “alguns dos figurantes desta peça mantêm os nomes e grande parte das frases que lhes emprestou Assis Júnior. Muitos dos que intervenham no livro desapareceram, pura e simplesmente, bem dizia um deles que esta é uma ‘terra de feitiços’”.

José Mena Abrantes refere que “por ser necessário dar unidade à acção dramática, resumir-se situações, fundiram-se personagens, trocaram-se e inventaram-se diálogos, condensaram-se conflitos, enfim, arrumou-se tudo de uma outra maneira… Que se perdoe a ousadia, cujo único propósito é apoiar a formação da história das coisas, ainda mal conhecidas, e das pessoas que, com poder e merecimento, nasceram, passaram e viveram nesta terra… (.) onde pouco se lê, pouco se pensa e pouco se aprende”.

A companhia Enigma Teatro surgiu em 1998, da fusão dos grupos Os Makotes, fundado em 1987, e Komba Meneck, em 1997. Contudo, herdou o histórico e o acervo dos dois grupos, assim como os títulos e prémios.

“Na corda bamba”, “A raiva”, “De luandinha a luandão”, “Apaixonados por engano”, “A grande questão” e “Sujeito e o azarado” foram as obras artísticas que deram o Prémio Nacional de Cultura e Arte 2014, na categoria de teatro, à Companhia Enigma Teatro.