Exclusivo: “Minha ficha entrou”, o refúgio de muitos angolanos
O WI-AO, fez uma ronda em busca de dados sobre as apostas electrónicas que se registam em todas as zonas da cidade de Luanda. Há relatos de que, muitos têm os jogos como o seu ganha-pão.
Por :Manuel Sumbo
Imagem: Joaquim José
De acordo com os dados tornados públicos, revelando o Inquérito ao Emprego em Angola (IEA), divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a taxa de desemprego no País, reduziu para 30,8% no primeiro trimestre de 2022.
Por outra, as estatísticas do INE apontam para redução de 57,2% da taxa de desemprego, com maior realce na camada juvenil, entre os 15 aos 24 anos de idade, no primeiro trimestre de 2022.
Se observar o número de jovens com quantidade de máquinas de jogos electrónicos nas ruas da capital, os números avançados podem não corresponder à realidade.
Um, dois, três, em cada esquina da cidade de Luanda, há um grupo de jovens com papéis e esferográficas nas mãos. O objectivo é comum: fazer apostas, vulgo “bater fichas”.
Este se tornou o refúgio de muitos angolanos, onde, os que não têm emprego recorrem à essa prática para conseguir algum valor monetário. Como é o caso do jovem José Roque de 26 anos, apostador já alguns meses.
“Eu jogo há dez meses, já consegui ganhar algumas vezes, mas, que o número de perdas é maior”.
Há quem diga que quem aposta não é só aquele que não tem um emprego, alguns mesmo tendo uma fonte de rendimento recorrem às apostas para fazer dinheiro extra.
Soares é funcionário de uma agência de publicidade, que viu nas apostas uma forma de treinar suas habilidades além de ganhar dinheiro extra. “Normalmente aposto para me divertir, testar as minhas habilidades com os palpites e ganhar um dinheiro extra. Não me lembro exactamente desde quando eu venho a jogar, mas lembro-me que já faz algum tempo, talvez 2 anos e ganhei algumas vezes também.”
Edson Ricardo é um apostador assíduo e conta que já fez muito dinheiro com as famosas fichas.
“Eu jogo há sete meses, ganhei várias vezes, estamos a falar de mais de oito vezes, chegando mesmo a atingir mais de 500 mil kwanzas”.
Nem tudo tem sido um mar de rosas, alguns apostadores, contaram durante a nossa rotina que é preciso não colocar o coração cem por cento nestas apostas, para evitar decepções.
Há quem diga que é preciso ter muita calma quando se perde uma aposta que poderia lhe garantir algum dinheiro.
“Eu quase entrei em depressão, por causa da minha ficha de 1 milhão, só faltou mesmo um jogo” referiu uma fonte que pediu anonimato.
A população desempregada com 15 ou mais anos foi estimada em 4,9 milhões de pessoas (3,1 milhões com idades entre os 15 e 24 anos).