FMI diz que cadeias de fornecimento adaptaram-se muito rápido à pandemia
As cadeias de fornecimento globais adaptaram-se muito rápido ao novo panorama criado pela pandemia da COVID-19, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), que incentivou os países a não se fecharem e continuarem a confiar no comércio mundial, noticiou a Lusa.
O FMI refutou políticos e economistas que passaram os últimos meses a culpar a inflação extremamente alta no mundo por interrupções nas cadeias de fornecimento do comércio global, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.
Num relatório intitulado “Comércio mundial e cadeias de valor durante a pandemia”, a organização financeira internacional recordou as previsões que apontavam para os fortes choques na oferta e na procura desencadeados pela COVID-19, “afundando drasticamente” o comércio.
No entanto, os efeitos “não duraram muito”, indicou, adiantando que as cadeias de fornecimento globais são resistentes e que a complexa rede comercial actual tem mais força para enfrentar esse tipo de choque do que os anteriores modelos, quando cada economia dependia mais de si mesma.
Com esta afirmação, o FMI contesta a tese de políticos e economistas de todo o mundo que passaram meses a culpar a altíssima inflação em grande parte do planeta pelas interrupções no comércio global.
Por outro lado, o FMI acredita que os países devem diversificar as suas relações comerciais para que em momentos de crise, como os actuais, não haja dependência de um único mercado.
“As interrupções provocadas pela pandemia aumentaram os apelos para realocar a produção em cada país. Mas desmantelar as cadeias globais de valor não é a resposta, mas é precisamente uma maior diversificação que melhora a resistência”, apontou o organismo.
O FMI reconhece que a compra e venda internacional de bens caiu acentuadamente no segundo trimestre de 2020, mas referiu que recuperou para os níveis pré-pandemia nesse mesmo ano.
Uma das descobertas de destaque do estudo é que os países cujos parceiros comerciais impuseram bloqueios mais rígidos tiveram as maiores quedas nas importações de bens.
Até 60% da redução nas importações durante o primeiro semestre de 2020 foi consequência de paralisações de actividades em parceiros comerciais, indicou.
Esse impacto foi ainda maior no caso de indústrias que dependem fortemente das cadeias globais de valor e que estão nas últimas etapas do processo produtivo, como os aparelhos electrónicos.
De acordo com o FMI, os países asiáticos, que foram os primeiros a serem afectados pela COVID-19, mas também os primeiros a contê-la, aumentaram a sua participação nas importações para a Europa em 4,6 pontos percentuais (PP) e para a América do Norte em 2,3 pp.
“Esses ganhos foram volumosos e rápidos do ponto de vista histórico, mas à medida que os países se ajustaram à pandemia, desapareceram parcialmente. Isso sugere que foram mudanças temporárias”, anotou o FMI.