Hospital David Bernardino regista sete mortes por mordeduras de cães
Sete (7) crianças morreram, de Janeiro até à presente data, no Hospital Pediátrico “David Bernardino”, vítimas de mordedura de cães.
A informação foi avançada hoje, quarta-feira, à Angop, em Luanda, pela pediatra da unidade sanitária, Juliana Miranda, a propósito do “Dia mundial contra a raiva” (28 de Setembro).
Segundo a médica, a maioria das vítimas são crianças provenientes de município de Viana, com idades compreendidas entre os 3 e 12 anos.
Informou que em 2021 foram registados 12 casos de crianças com raiva humana e todos resultaram em óbito.
A raiva é uma zoonose causada por um vírus que infecta animais domésticos e selvagens e se transmite às pessoas pelo contacto com a saliva infectada através de mordidas ou arranhões, sendo os cães os principais transmissores às pessoas.
A doença chega a ser fatal em quase 100% dos casos.
A transmissão se dá normalmente pela mordida de animais infectados, mas também existe a possibilidade de se contrair a doença pelo contacto da saliva do animal raivoso directamente nos olhos, mucosas ou feridas.
Apesar da existência da vacina e da imunoglobulina, que ajudam a prevenir a raiva humana, ainda morrem de raiva anualmente aproximadamente 70 mil pessoas em todo mundo.
De acordo com a médica, a maioria das crianças que são mordidas por cães vadios só são levadas aos hospitais já num estado avançado, e em grande parte deles os pais só se apercebem após dias, porque os mesmos não informam.
Nesses casos, explicou, o tratamento é apenas paliativo porque nada pode ser feito para que a criança sobreviva.
Contudo, esclareceu, que em alguns casos pode-se sobreviver, se logo após a mordedura a criança receber o tratamento de profilaxia pós-exposição (vacina anti-rábica), que deve ser feita de imediato, e com um cumprimento de cinco doses de vacina.
Acrescentou que a vacina não pode ser confundida e nem substituída com a do tétano, pelo facto de muitas pessoas pensarem que ao apanhar a vacina do tétano estarão imunes.
Manifestações
O vírus da raiva tem atracção pelo sistema nervoso central, alojando-se frequentemente no cérebro, após longa viagem pelos nervos periféricos.
A encefalite, inflamação do encéfalo, é o resultado final da instalação e multiplicação do vírus no sistema nervoso central.
Os sintomas da raiva são todos decorrentes deste acometimento do cérebro e entre eles está a paralisia motora confusão mental, desorientação, agressividade, alucinações, dificuldade de deglutir, espasmos musculares e salivação excessiva.