Saúde

Ordem denuncia falta de condições em escolas de enfermagem: “deviam fechar”

joaquimjose
Mar 14, 2023

O presidente da Ordem dos Enfermeiros de Angola (ORDENFA), Paulo Luvualo, denunciou hoje, no Lubango, província da Huíla, as débeis condições pedagógicas, o excesso de alunos e a falta de laboratórios em escolas técnicas profissionais de saúde, que na sua óptica “deviam fechar”.

Em declarações à ANGOP, o bastonário que falava no quadro de uma visita de quatro dias à Huíla para fiscalizar as instituições de ensino público e privadas, afirmou que das 16 que ministram o curso de enfermagem, visitou cinco e apenas uma, pública, apresenta condições para ministrar o curso.

Declarou que as condições de formação é o que mais preocupa a Ordem, pois o profissional trabalha com vidas e deve ser bem formado, cumprindo todos os requisitos, que têm sido “atropelados”.

Referiu que se dependesse da Ordem, há instituições da Huíla seriam fechadas, pois não têm salas para aulas práticas, registam um excesso de alunos, situação que compromete o sistema de saúde nacional, já que são quadros que podem engrossar as unidades sanitárias, mesmo sem qualidade.

Numa das flagrantes violações, conforme a fonte, está uma escola com 585 alunos distribuídos em 10 salas, formandos que depois vão parar nos centros de saúde, fomentando mais alunos no campo de estágio, que os próprios doentes e profissionais de saúde, o que pode criar distúrbios ao treinamento.

Um outro facto preocupante, segundo o bastonário, é que numa dessas escolas visitadas existem apenas quatro professores efectivos, os outros são colaboradores, quando os regulamentos orientam que a instituição deve ter, no mínimo, 50 por cento de professores efectivos.

Referiu que os problemas da falta de qualidade também está direccionado aos directores-gerais dessas escolas, que na sua maioria não têm formação em saúde, situação que o Governo deve rever, assim como o currículo de formação e até que ponto tem sido implementado.

“Isso nos preocupa porque tira a qualidade da formação. A falta de condições mutila a formação em enfermagem, pois um profissional saído dessas escolas sai deformado e isso agrava-se porque muitos desses, quando terminarem a formação, vão trabalhar em unidades sanitárias sozinhos”, continuou.

Realçou que, se continuar a formar como estão a formar, o Sistema Nacional de Saúde vai colapsar e há necessidade de na abertura de uma escola do género, o Ministério da Saúde, para além de atribuir o certificado de habitabilidade, intervenha na fiscalização da qualidade.

Depois do trabalho de fiscalização das instituições de ensino e de saúde, segundo Paulo Luvualo, a ordem vai apresentar um relatório ao Ministério da Educação com todos os dados e fazer uma proposta e se   for acatada tudo bem, caso contrário, vão deixar de credenciar os indivíduos formados nestas instituições.

ANGOP