Politica

UNITA quer ouvir presidente da CNE e ministra das Finanças na Assembleia sobre contrato da INDRA

armandomaquengo
Fev 02, 2022

O Grupo Parlamentar do maior partido da oposição angolana, UNITA disse esta quarta-feira, 02 de fevereiro em Luanda que vai requer à Assembleia Nacional, os pronunciamentos do presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE), Manuel Pereira Da Silva “Manico”.

Imagem: Angop

Por: Armando Maquengo

Em conferência de imprensa, o líder da bancada parlamentar da UNITA, Liberty Chiaka questionou, a princípio, a escolha da empresa espanhola, Indra, já condenada naquele país por comissões ilegais, para organizar a logística das eleições gerais agendadas para agosto em Angola.

Após ter destacado que a Indra é rejeitada no país de origem, disse não entender o porquê contratar uma empresa conotada com organização de fraudes eleitorais em África e na América Latina, empresa amiga das ditaduras do mundo, tendo questionado o procedimento adoptado entre concurso público ou ajuste direto para a escolha da empresa e se houve outros concorrentes.

A consultora espanhola, tem sido apontada pelos partidos da oposição angolana como estando ligada a fraude e favorecimentos eleitorais e segundo o jornal El Confidencial, foi multada pela Agência Tributária de Espanha, no âmbito de uma investigação pelo pagamento de comissões ilegais de 2,4 milhões de euros, durante as presidenciais angolanas de 2012.

A empresa reconheceu “deficiências de gestão” em relação a Angola, mas negou o pagamento de comissões ilegais, admitindo que foi investigada pela Agência Tributária em 2015.

Liberty Chiaka, criticou também o facto de as iniciativas da UNITA (oposição angolana), incluindo debates sobre a transparência na contratação pública e o combate à corrupção terem sido bloqueadas, na passada semana, pela maioria parlamentar do MPLA, enquanto o presidente do partido do poder, e chefe do executivo angolano, João Lourenço, juntava “a sua máquina eleitoral” no Menongue, capital da província do Cuando Cubango para acusar a oposição de querer atingir o poder a qualquer preço.

“Felizmente o povo angolano sabe que se trata de uma acusação sem qualquer fundamento. Não pode haver em Angola quem queira tomar o poder do povo, por que o povo já tomou o poder quando conquistou a independência e a democracia, já existe um calendário político eleitoral para o povo exercer o seu poder”, sublinhou o dirigente da UNITA, apelando aos “representantes do povo, cujo mandato está a terminar que deixem de desrespeitar a Constituição da República e a lei”.

No âmbito da sua acção fiscalizadora, Liberty Chiaka afirmou que o grupo parlamentar vai recorrer a outros instrumentos para ultrapassar o bloqueio da maioria parlamentar, pedindo audições do ministro do Interior, Eugénio Laborinho, e do comandante-geral da Polícia Nacional “sobre o estranho aumento da violência policial num ano eleitoral”.

Finalmente, UNITA anunciou que quer também ouvir a ministra das Finanças, Vera Daves, sobre a “prática reiterada” do ajuste direto na contratação publica, bem como o presidente da CNE, Manuel Pereira da Silva “Manico”, mostrando-se “extremamente preocupada” com informações que apontam para a contratação da Indra para organizar a logística para as eleições gerais de agosto de 2022.

Fonte: Lusa